“E você não veio…”

Nanoconto é uma narrativa breve e concisa, que possui um número limitado (porém não rígido) de letras. É uma espécie de conto muito pequeno, onde o mais importante da escrita não é mostrar, mas sim sugerir, deixando que o leitor visualize possibilidade de ‘preenchimento’ da narrativa e busque imaginar a história por trás da breve descrição. Por possuir uma característica de microtexto,  é uma das formas de comunicação ligada as novas tecnologias de informação e comunicação.

Iniciamos um processo de pesquisa de Nanoconto contida nas mensagens de celular de pessoas comuns. Nosso interesse, é identificar a poesia das mensagens (Nanocontos) trocadas diariamente através de celular.

O primeiro contato aconteceu no centro de Itajaí em meados de Maio, onde algumas pessoas foram abordadas na rua, e outras apresentaram espontaneamente seus celulares para identificação dos Nanocontos. Todas, munidas de um certo ‘estranhamento’ diante do pedido de verificação das mensagens.

O exercício de ir as ruas abordar pessoas, para que compartilhem suas mensagens de celular, tornou-se também uma ação relacionada a privacidade dos trausentes. A disseminação de um meio de comunicação privativo como o celular, permitiu às pessoas o controle de sua privacidade, além e gerar comportamentos relacionados ao aparelho, como ‘o hábito de verificação’, entre outros. E a resposta habitual, para o pedido de quebra desse hábito privativo, é o estranhamento e/ou a rejeição. As pessoas realmente se relacionam com o aparelho e seus conteúdos, e os tem como parte de si mesmas. Durante a abordagem inicial, que teve duração de 2 horas, poucas pessoas dispuseram-se a participar, e estas, apesar de terem perfis bem diferentes (uma senhora com cerca de 65 anos, e três jovens de 20 anos em média) tinham um certo desprendimento do celular, permitindo que pudéssemos averiguar as mensagens e identificar a existência dos Nanocontos. Creio que a pesquisa trará outras nuances do comportamento humano, além das narrativa poéticas dos Nanocontos.

A pesquisa seguirá durante este ano, e a campanha “doe suas mensagens de celular” acontecerá em outros dias e locais, nossa próxima abordagem será na UNIVALI, com data ainda a definir, que divulgaremos por aqui.